Essa história aconteceu a 2 anos.
Estava anoitecendo. Um vento frio saia da direção do Parque e batia em meu corpo cansado e dolorido, recuperando-se de um período de 11 dias afastado de casa e do trabalho devido a manifestação de todos os sintomas causados pelo vírus da dengue. Foi numa sexta-feira, 9 de maio de 2008. Abri o portão da garagem, abri o segundo portão, e finalmente quando abri a porta de casa tive uma desagradável surpresa! _ "O que aconteceu aqui"? Me perguntei. Não podia acreditar no que meus olhos estavam vendo.. ou melhor, no que eles não estavam vendo! Minha casa estava de toda vazia! Sem nada, sem ninguém.. Não havia sequer um copo, sequer um talher.
Imaginei que meus companheiros de república haviam se mudado por alguma razão e não conseguiram entrar em contato comigo devido aos dias em que estivera internado. Liguei imediatamente para os 3 colegas que ali moravam comigo, mas só consegui falar com 1 deles. Esse disse não saber de nada do que estava acontecendo, ele estava numa viagem mas resolveu voltar no dia no seguinte para poder tomar alguma providência.
Minha vizinha e dona desta casa onde morávamos, percebendo a minha reação de desespero, disse que quando viu o caminhão de mudança em frente a casa juntamente com os 2 rapazes que ali moravam, e percebendo também que eu e o outro morador estávamos ausentes por um certo tempo, concluiu que não estávamos mais interessados em morar com ela. Visto que o aluguél era pago de forma adiantada e seu vencimento era todo o dia 10 de cada mês, podia jurar que todos nós os moradores da república, certamente entramos em um acordo e resolvemos mudar dali antes que tivéssemos de pagar para o próximo mês. E prosseguiu; disse também que como ela havia sido pega de surpresa por nós (pois não avisamos da mudança com 1 mês de antecedência), estava contando com o dinheiro do aluguél que iria receber no dia 10 e já havia até feito compromisso com ele! Por isso providenciou novos moradores para a casa e alertou-me sobre a mudança deles que estava prevista para a manhã do dia seguinte.
Ao ouvir suas palavras, eu que sempre estive tão cheio de mim, confiante em tudo o que fazia, independente da família a um certo tempo, me senti como uma presa na boca do seu predador. Me vi claramente encurralado por uma situação inesperada da vida.
Meu melhor amigo, foi o primeiro socorro que me veio a mente. Era ele em toda à cidade a pessoa em quem eu mais confiava, talvez a única com a qual eu poderia abrir o meu coração, com a qual eu esperava contar naquele surpreendente momento. Para ele então telefonei naquele instante, contei-lhe a situação, implorei-lhe ajuda, mas por sua resposta, recebi decepção e lamento. Não conseguia distinguir o que me feria mais! Se o desespero por um teto, um abrigo, um lugar de descanso consumia minha mente, a decepção e desilusão de uma amizade, cortava-me o coração.
Agitado então em meu ser, recorri a todos os contatos do meu celular tanto com telefonemas, quanto com mensagens de texto.. A todos eu dizia: _"Posso morar com você? É só por um tempo, até eu conseguir um lugar e me ajeitar"! E de todos eu ouvia: _"Infelizmente, não posso te ajudar agora". Ainda de outros eu escutava: _"Onde está seu melhor amigo? Ele recusou a ajudar-te"?
E em meio a tantos "nãos", surgiu uma necessidade de chorar com alguém, compartilhar a dor que estava sentindo, falar.. desabafar.. mas quem me ouviria? Quem se interessaria?
Já era noite, o pessimismo consumia tudo que havia em mim. Eu precisava sumir, ir embora, sair correndo! "_Vou para o Parque"! Pensei comigo mesmo. E para ele, como estava eu fui. Atravessei a ponte, olhei o lago, subia até o ponto mais alto da colina onde fica o cata-vento, deitei na grama e olhei pro céu.
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