segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Quebrando um paradigma da Oração - Parte 1

O livro de Atos começa com a narrativa de Lucas dizendo que Jesus, antes de ser elevado aos céus, orientou seus discípulos a ficarem em Jerusalém, esperando o cumprimento da promessa, de que o Espírito Santo seria derramado sobre eles, e então receberiam poder para serem suas testemunhas até aos confins da Terra. 
Os discípulos tiveram uma orientação clara de seu Mestre Jesus. E a partir do versículo 12 deste primeiro capítulo, a narrativa de Lucas, é sobre o que aconteceu depois desta orientação de Jesus.
Dentre outras possibilidades de leitura deste texto, eu creio que ele nos fala sobre a oração.
Esta passagem ajuda-nos a entender porque devemos orar se Deus já definiu o que vai acontecer. Pois se não entendemos este mistério, podemos nos perguntar o porquê de orarmos ao Senhor, tendo em vista que Ele sempre executará a Sua própria vontade.
“E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve” (l João 5:14).
Veja que interessante! Somos ouvidos por Deus, quando pedimos alguma coisa segundo a sua vontade.
Se for assim, para que devemos orar? Pra que pedir, se Ele já sabe do que precisamos? Orar para que Ele faça a sua própria vontade? A principio por quê?
Existe um conceito sobre oração, que praticamos continuadamente entre as gerações, e apesar de não ser essencialmente errado, conduz-nos à este tipo de questionamento. E baseado neste texto de Atos, dentre outros das Sagradas Escrituras, acredito ser necessário criar-se um novo entendimento em relação à oração. Precisamos quebrar um paradigma.

Em sua grande maioria, enxergamos em Deus, um ser reativo, que responde quando pedimos. Acreditamos também, que a oração coloca Deus em movimento, e não o contrário. Entendemos que a nossa oração chama a atenção de Deus para as coisas que acontecem no mundo, como se Ele estivesse sossegado, desinteressado, desatento, passivo a tudo o que acontece ao nosso redor, até o momento em que nos ajoelhamos e o acordamos com nossas orações.
A bíblia nos mostra, que Deus está em constante movimento, ocupado, agindo, interessado em fazer alguma coisa! Deus está sempre comprometido em fazer! Ele prometeu fazer, e Ele vai fazer, quer oremos ou não.
E quando observamos a orientação de Jesus aos discípulos, antes de ser elevado aos céus, compreendemos o mistério de por qual razão devemos orar. Deus quer interferir, quer ser conhecido no mundo, e quer derramar poder sobre nós, para que sejamos suas testemunhas até os confins da Terra. Ele quer ter-nos como seus cooperadores. Deus quer nos instrumentalizar em suas ações no mundo. Ações essas que já estão definidas por Ele. Quer agir através de nós; quer nos incluir em seus planos.
“Deus não é um homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. Acaso ele fala, e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir?” (Números 23:19). O cumprimento das suas promessas independe da nossa fidelidade. E Ele as cumpre, não por causa da oração da igreja, mas porque Ele está empenhado por sua própria gloria, por sua palavra que é fiel, e principalmente porque Deus é íntegro consigo mesmo.

No texto de Atos, aquelas pessoas estavam orando, esperando que Deus cumprisse a sua promessa. E Isso aconteceria independentemente da oração daqueles homens e mulheres.
A mesma coisa está descrito em Daniel 9. O Povo de Israel estava cativo na Babilônia. Daniel, lendo a profecia do profeta Jeremias, entendeu que o cativeiro de Jerusalém duraria 70 anos. “Por isso me voltei ao Senhor” (Daniel 9:3). Uma pergunta: _ “Quanto tempo duraria a desolação de Israel se Daniel não tivesse orado”?
Durariam os mesmos 70 anos, e Deus moveria o coração de Ciro e Dario da mesma maneira.
Daniel orou, porque descobriu que durariam 70 anos, e já havia passado este tempo. Então ele foi orar e fez uma das orações mais profundas da bíblia.
Em Mateus 3, vemos João Batista fazendo algo curioso. Estava anunciando a chegada do Messias, preparando o caminho. Mas se João Batista preparasse o caminho do Senhor ou não, tivesse endireitado o caminho ou não, Jesus certamente passaria por ali. E se os homens ouvissem ou não a mensagem de João Batista, Jesus entraria na Palestina do mesmo jeito. O Messias chegaria do mesmo jeito.

A verdade é que Deus está fazendo! Decido a fazer coisas que ele vai fazer! E nós precisamos orar para não ficarmos de fora, desta ação divina.
Somente o remanescente fiel voltou da babilônia. Teve muita gente que ficou por lá.
Foi este o raciocínio de Daniel! “Vou derramar-me em oração para que quando ele passar por aqui eu não fique fora! Para que eu possa ir junto. E se eu posso de alguma maneira ser usado por Deus, vou anunciar isso ao povo!” E então começou a interceder por toda a nação
Foi o mesmo raciocínio de João Batista! “Endireitei o caminho. acertem a vida de vocês! Ele vai passar, e vocês não o reconhecerão e dirão: Onde está o Messias, ele já passou?
Dez anos depois, de o Espírito ter sido derramado, Paulo encontra-se com vai pregar em Éfeso, e ali encontrou alguns discípulos de Cristo, aos quais perguntou se já haviam recebido o Espírito Santo, e eles disseram que nem sabiam que o mesmo existia (Atos 19:1-17)! Eles haviam crido, aviam sido batizados, mas estavam atrasados. O Espírito já havia sido derramado ha muito tempo. Deus agiu, e eles ficaram de fora! "É exatamente isso que aconteceu no texto que lemos em Atos! Pode ser que o Espírito seja derramado e você não esteja lá, ou não perceba que ele foi derramado. E pode ser também, que o Espírito seja derramado, mas não sobre você".
Estes exemplos mostram-nos, que nossa oração, não serve para colocar Deus em movimento ou chamar a Sua atenção. Mas quando de fato oramos, entendendo o que estamos fazendo, dizemos para o Senhor que confiamos nele; que sabemos que Ele está no controle de tudo; e assim nos disponibilizamos para sermos por Ele usados. “Senhor, quando fizeres algo, faze-o através de mim, quando fizeres alguma coisa, não se esqueça de mim. Eu estou comprometido contigo, e quero participar do que o Senhor está fazendo; eu quero ser um instrumento em tuas mãos”.

Leia a continuação na Parte 2 (Clique aqui)

2 comentários:

  1. Esta postagem, é simplesmente uma nova roupagem para o estudo tremendo do Marcos Henrique Teixeira, Presbítero na Igreja Presbiteriana do Bom Retiro. O Marcos enviou-me um e-mail com essa mensagem, e o Senhor falou demais comigo, mas demais mesmo! Disse a ele que fiquei louco pra transmitir este estudo na Congregação onde trabalho, e compartilhar com o maior número de pessoas possível. É como diz a palavra; "não podemos deixar de falar daquilo que temos visto e ouvido..."

    O texto original, é um esboço da pregação que ele realizou. E além de ser um esboço, é muito extenso, sete páginas no Word. Por essa razão, precisei fazer algumas alterações no texto, resumindo ao máximo, sem perder a essência. Mesmo assim, ainda foi preciso dividi-lo em duas partes, caso contrário a postagem ficaria enorme, e muitos deixariam de lê-la.

    Tenho certeza que sua vida será tocada pelo Senhor,através deste maravilhoso texto. E assim como eu, você vai descobrir um tesouro à respeito da Oração. Em breve, postarei a segunda parte deste estudo em uma nova postagem. Aguardem.

    Que Deus abençoe a todos.

    ResponderExcluir
  2. Tiago, a Paz em nosso Senhor Jesus Cristo.

    Que a determinação e a palavra Divina, florescam a cada dia, sendo reveladas por nosso Senhor Jesus Cristo na sua Vida. Que você possa sempre ouvir DEUS falar contigo no teu coração.

    Irmã Nilza Rocha

    ResponderExcluir

Sua opinião é muito importante. Obrigado por deixar o seu comentário!